Gazeta Buenos Aires - Morre o cientista francês Étienne-Émile Baulieu, inventor da pílula abortiva

Morre o cientista francês Étienne-Émile Baulieu, inventor da pílula abortiva
Morre o cientista francês Étienne-Émile Baulieu, inventor da pílula abortiva / foto: JOEL SAGET - AFP

Morre o cientista francês Étienne-Émile Baulieu, inventor da pílula abortiva

O cientista francês Étienne-Émile Baulieu, inventor da pílula abortiva, morreu nesta sexta-feira (30) aos 98 anos em sua casa em Paris, anunciou sua esposa à AFP.

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Baulieu, médico e pesquisador, tornou-se mundialmente conhecido pela importância científica, médica e social de seu trabalho sobre o papel dos hormônios esteroides.

"Sua pesquisa foi guiada por seu apego aos avanços possibilitados pela ciência, seu compromisso com a liberdade das mulheres e seu desejo de permitir que todos vivessem melhor e por mais tempo", disse sua esposa, Simone Harari Baulieu, em um comunicado.

Nascido em 12 de dezembro de 1926, em Estrasburgo, Etienne Blum adotou o nome Émile Baulieu ao se juntar à Resistência contra a ocupação nazista, com apenas 15 anos.

Doutor em Medicina (1955) e Ciências (1963), fundou uma unidade de pesquisa no Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica dedicada a hormônios. Dirigiu a unidade até 1997, embora tenha trabalhado lá até o fim de sua carreira.

Baulieu alcançou a fama ao desenvolver a RU 486 em 1982. Essa pílula abortiva revolucionou a vida de milhões de mulheres em todo o mundo, oferecendo-lhes a possibilidade de interromper gestações voluntariamente com medicamentos.

O francês enfrentou duras críticas e ameaças na época.

Baulieu foi condecorado com a Grã-Cruz da Legião de Honra e a Ordem Nacional do Mérito, duas importantes distinções francesas, e recebeu inúmeras condecorações.

Nos Estados Unidos, foi agraciado com o Prêmio Lasker, a mais alta distinção científica americana, considerado um potencial precursor do Prêmio Nobel para aqueles que o receberem.

Sua pesquisa sobre DHEA, o hormônio cuja secreção e atividade contra o envelhecimento ele havia descoberto, o levou a trabalhar com neuroesteroides (esteroides do sistema nervoso).

Ele também desenvolveu um tratamento para depressão, cujo ensaio clínico está atualmente em andamento em vários hospitais universitários.

R.Otero--GBA