Gazeta Buenos Aires - Presidente declara emergência em 10 províncias do Equador por protestos indígenas

Presidente declara emergência em 10 províncias do Equador por protestos indígenas
Presidente declara emergência em 10 províncias do Equador por protestos indígenas / foto: Rodrigo BUENDIA - AFP

Presidente declara emergência em 10 províncias do Equador por protestos indígenas

O presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou estado de exceção em dez das 24 províncias do país em meio a protestos de indígenas contra seu governo, que deixaram um manifestante morto, informou a Presidência neste domingo (5).

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A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), a maior organização de povos originários do país, iniciou em 22 de setembro protestos com o bloqueio de vias em várias províncias em repúdio à eliminação do subsídio ao diesel, cujo preço aumentou de US$ 1,80 para US$ 2,80 o galão (de R$ 9,60 para R$ 15, na cotação atual).

Os protestos deixaram um manifestante morto a tiros e cerca de 20 agentes temporariamente retidos, além de 150 feridos entre civis, militares e policiais, bem como uma centena de detidos, segundo dados oficiais e de ONGs de defesa dos direitos humanos.

Mediante um decreto, Noboa declarou emergência em sete províncias andinas, inclusive Pichincha (cuja capital é Quito) e três amazônicas "pela razão de grave comoção interna", assinalou a Presidência na rede X por volta da meia-noite de sábado.

Com esta medida, que vai vigorar por 60 dias, o presidente determinou a mobilização da força pública para "manter a ordem, prevenir acontecimentos de violência (...), o direito à livre circulação e o desenvolvimento das atividades econômicas", acrescentou.

O principal foco dos confrontos entre manifestantes e a força pública está em Imbabura (norte), uma província andina onde se desenvolvem sobretudo a pecuária e a floricultura, e onde se concentram 10% da população indígena. O setor de flores estima os prejuízos em um US$ 1 milhão (R$ 5,3 milhões) por dia.

A alta de 56% nos preços do diesel representa um golpe para a economia dos camponeses, segundo a Conaie, que também reivindica a redução do IVA de 15% para 12%, e a atribuição de orçamentos maiores para a educação e a saúde públicas.

O aumento dos preços dos combustíveis é um tema sensível no Equador e resultou em violentas mobilizações indígenas e de outros setores sociais durante os governos dos ex-presidentes Lenín Moreno e Guillermo Lasso, em 2019 e 2022 respectivamente.

O governo de Noboa denuncia "atos terroristas" durante as manifestações e ameaça os responsáveis com penas de até 30 anos de prisão por este crime.

O presidente, que trava uma guerra contra o crime organizado, assegura que entre os manifestantes há infiltrados de máfias, como a quadrilha venezuelana Tren de Aragua, embora não tenha dado detalhes de sua denúncia.

Os povos originários representam quase 8% dos 17 milhões de habitantes do Equador, segundo o último censo. Líderes indígenas afirmam que, segundo estudos, eles somam 25%.

D.Medina--GBA