

Israel e Hamas mantêm posições apesar da pressão dos Estados Unidos por trégua
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou nesta quarta-feira (9) que seu objetivo continua sendo eliminar o Hamas na Faixa de Gaza, apesar da pressão dos Estados Unidos por uma trégua e enquanto as negociações indiretas permanecem estagnadas.
Apesar do otimismo dos Estados Unidos, cujo enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse esperar um acordo, as conversações no Catar permaneciam paralisadas nesta quarta-feira.
"Esperamos que no final desta semana possamos chegar a um acordo que nos permita entrar em um cessar-fogo de 60 dias", afirmou.
Segundo uma fonte palestina, no entanto, a delegação israelense se recusa "a aceitar a livre circulação de ajuda humanitária na Faixa de Gaza" e a retirar seus soldados das áreas nas quais estão mobilizados desde março.
"A delegação israelense se contenta principalmente em ouvir, em vez de negociar, o que reflete a atual política de obstrução de Netanyahu", disse outra fonte palestina.
"Houve uma troca de opiniões e posições, mas não avançamos porque a delegação israelense não está autorizada a dar uma resposta", acrescentou a fonte.
Até o momento, todas as negociações terminaram sem resultados, com os dois lados culpando o outro pelo fracasso.
Após se reunir pela segunda vez em 24 horas com o presidente americano Donald Trump, Netanyahu reiterou que seu objetivo continua sendo a libertação de todos os reféns, vivos e mortos, e "a eliminação das capacidades militares e de governo do Hamas, garantindo assim que Gaza nunca mais será uma ameaça para Israel".
Um objetivo que, segundo Izzat al Risheq, dirigente do Hamas, não está em sintonia com a "realidade".
"Gaza não se renderá (...) a resistência imporá as condições", acrescentou em uma declaração oficial, embora não integre a delegação negociadora.
- Projeto de acordo -
Segundo Witkoff, o projeto de acordo prevê a devolução de 10 reféns vivos mantidos em cativeiro por grupos armados palestinos desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, além de nove corpos de reféns.
Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas, que desencadeou a guerra, 49 permanecem em Gaza, mas 27 foram declarados mortos pelo Exército israelense.
Trump intensificou a pressão sobre Netanyahu para obter um acordo e acabar com a guerra. "É uma tragédia e ele (Netanyahu) quer resolver isso, e eu quero resolver isso, e acredito que a outra parte também quer", disse Trump.
Mas os pontos de conflito não mudaram.
Netanyahu reitera desejar que Israel mantenha o controle da segurança em Gaza, enquanto o Hamas exige a retirada israelense do território, garantias sobre a continuidade do cessar-fogo e sobre a chegada de ajuda humanitária da ONU e de organizações internacionais reconhecidas.
No território, a violência prossegue e nesta quarta-feira a Defesa Civil de Gaza anunciou a morte de 20 pessoas em dois bombardeios israelenses.
"A explosão foi enorme, como um terremoto", disse por telefone à AFP Zuhair Judeh, 40 anos, que vive no campo de refugiados de Al Shati, onde morreram 10 pessoas, incluindo seis crianças, segundo os serviços de emergência de Gaza.
Devido às restrições de Israel à presença da imprensa em Gaza e às dificuldades de acesso, a AFP não tem condições de verificar de forma independente o número de vítimas e as afirmações das duas partes.
O ataque de 7 de outubro de 2023 deixou 1.219 mortos do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
Na Faixa de Gaza, mais de 57.600 palestinos, em sua maioria civis, morreram na campanha militar de retaliação de Israel, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
E.Navarro--GBA