

Israel ataca novamente o Irã após salva de mísseis iranianos
Israel realizou neste domingo (15, data local) novos ataques contra o Irã após disparos de mísseis iranianos no norte do território israelense, no terceiro dia de uma escalada militar sem precedentes entre os dois arquirrivais.
O Irã ativou sua defesa aérea contra os ataques de Israel na noite de sábado em nove províncias, incluindo Teerã, depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu atingir "todos os alvos do regime".
O presidente iraniano, Masud Pezeshkian, advertiu que haverá "uma resposta mais severa e poderosa" se o Exército israelense continuar com seus ataques mortais.
Israel iniciou na sexta-feira bombardeios ao Irã em locais militares e nucleares, que deixaram dezenas de mortos, incluindo cientistas nucleares e altos comandantes da Guarda Revolucionária iraniana — exército ideológico do país — além de centenas de feridos.
No sábado, o Exército israelense informou sobre disparos de mísseis em resposta aos ataques provenientes do Irã, e convocou a população a ir para os abrigos.
A Força Aérea de Israel atacou, entre sábado e as primeiras horas de domingo, vários complexos da defesa iraniana, entre eles dezenas de lançadores de mísseis, o Ministério da Defesa e locais relacionados a "projetos de armas nucleares".
Vamos atacar "todos os alvos do regime dos aiatolás", afirmou Netanyahu, dizendo contar com o apoio explícito do presidente americano, Donald Trump.
"Infligimos um verdadeiro golpe ao programa nuclear" do Irã, acrescentou.
Mas Israel também foi alvo de fogo por parte do Irã.
O Exército israelense havia solicitado no sábado à noite que a população se confinasse em abrigos após detectar "disparos de mísseis vindos do Irã".
Mais tarde, o nível de alerta foi reduzido, e os israelenses foram instruídos a sair dos abrigos, embora as autoridades tenham recomendado "permanecer próximos" a eles, disse o Exército em comunicado.
O Magen David Adom, equivalente à Cruz Vermelha em Israel, confirmou em comunicado "a morte de uma mulher de cerca de 20 anos que foi resgatada dos escombros" de uma casa em Haifa, no norte do país. O serviço informou mais cedo sobre "14 feridos em uma casa [...] na Galileia Ocidental, um deles em estado grave".
Em Jerusalém e na cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, jornalistas da AFP viram mísseis sendo interceptados no céu noturno.
– Bombardeios em Teerã –
O Irã anunciou na madrugada deste domingo que lançou uma nova salva de mísseis contra Israel em represália pelos bombardeios de sexta-feira contra seu território.
"Uma nova onda da operação Promessa Honesta 3 começou há alguns minutos", informou por volta das 03h10 locais (20h40 de sábado em Brasília) a televisão estatal iraniana.
A Guarda Revolucionária informou que "instalações de produção de combustível para os aviões de combate [israelenses] e centros de abastecimento de energia (...) foram atacados por drones e mísseis".
Por sua vez, os bombardeios israelenses tiveram como alvo dois depósitos de combustível em Teerã, informou na manhã deste domingo o Ministério do Petróleo iraniano.
"O depósito de petróleo de Shahran (noroeste de Teerã) e outro no sul [da cidade] foram atacados pelo regime sionista", acrescentou.
Um jornalista da AFP viu o depósito de Shahran em chamas.
Também "a sede do Ministério da Defesa foi atacada. Um dos edifícios da sede foi levemente danificado", disse a agência iraniana Tasnim.
– Negociação nuclear cancelada –
A nova rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano, que vinha sendo conduzida por Estados Unidos e Irã e estava prevista para domingo, foi cancelada.
Pezeshkian afirmou, em uma ligação com seu contraparte francês, Emmanuel Macron, que o Irã "não se sentará à mesa de negociações enquanto o regime sionista continuar com seus ataques".
Israel afirma dispor de informações de seus serviços de inteligência segundo as quais o Irã está se aproximando de um "ponto sem retorno" em seu avanço rumo ao desenvolvimento de uma bomba atômica.
Trump afirmou no sábado que ele e o presidente russo, Vladimir Putin, concordaram, em uma ligação telefônica, que a guerra entre Irã e Israel "precisa acabar".
Enquanto os apelos de líderes mundiais por moderação se multiplicam, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, acusou Israel de precipitar o Oriente Médio em um "perigoso ciclo de violência".
– "Em busca de abrigo" –
Foram registrados danos importantes na região de Tel Aviv, onde equipes de resgate informaram três mortos e dezenas de feridos.
"Estou (...) atônito com o que aconteceu", disse Eliyahu Bachar, morador de Ramat Gan, perto de Tel Aviv.
"Ouvimos um grande estrondo, sabíamos que era algo sério", relatou Tal Friedlander, outro residente.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, advertiu que "Teerã arderá" se o Irã continuar disparando mísseis contra Israel.
Meios de comunicação iranianos informaram sobre ataques em várias províncias do noroeste e oeste, algumas das quais abrigam bases militares.
Um chefe da polícia iraniana e cinco membros da Guarda Revolucionária — o exército ideológico da República Islâmica — morreram no sábado em ataques no oeste e centro do país, segundo a imprensa local.
W.Herrera--GBA