Gazeta Buenos Aires - Boric anuncia que prisão especial para militares da ditadura se tornará presídio comum

Boric anuncia que prisão especial para militares da ditadura se tornará presídio comum
Boric anuncia que prisão especial para militares da ditadura se tornará presídio comum / foto: FRANCESCO DEGASPERI - AFP

Boric anuncia que prisão especial para militares da ditadura se tornará presídio comum

O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou que Punta Peuco, uma prisão especial onde cumprem suas penas ex-agentes da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), será transformada em um centro penitenciário comum.

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Localizado ao norte de Santiago, o presídio mantém uma centena de ex-militares da ditadura que cometeram violações aos direitos humanos com melhores condições do que o restante da população carcerária.

"Do meu ponto de vista não existe justificativa para esse privilégio", declarou Boric durante sua última prestação de contas ao Congresso em Valparaíso, a cerca de 120 km da capital.

O mandatário de esquerda ordenou ao Ministério da Justiça que Punta Peuco seja transformada "em uma prisão comum que permita segregar pessoas conforme as exigências da Gendarmeria".

O ministro da Justiça, Jaime Gajardo, detalhou que a decisão de quem "fica (em Punta Peuco) e quem será transferido para outros lugares" será uma resolução "técnica da Gendarmeria do Chile".

Grupos defensores de direitos humanos reivindicam há anos que a prisão seja fechada e os presos sejam enviados a penitenciárias comuns.

No último dia de seu governo, a ex-presidente Michelle Bachelet (2014-2018) ordenou o fechamento de Punta Peuco, mas seu ministro da Justiça se recusou a cumprir a medida, alegando que o conteúdo do decreto tinha erros legais.

Boric também anunciou que em junho será concretizada a ordem de expropriação da antiga Colônia Dignidad, um terreno pertencente a colonos alemães no sul do Chile onde funcionou um centro de prisão, tortura e desaparecimento de opositores à ditadura.

O presidente ordenou em 2024 a expropriação de 116 dos 4.800 hectares do local.

A ditadura chilena deixou cerca de 3.200 mortos e mais de 38.000 pessoas torturadas.

L.Russo--GBA