Gazeta Buenos Aires - França anuncia importante plano de ajuste fiscal para financiar gastos militares

França anuncia importante plano de ajuste fiscal para financiar gastos militares
França anuncia importante plano de ajuste fiscal para financiar gastos militares / foto: Thomas SAMSON - AFP

França anuncia importante plano de ajuste fiscal para financiar gastos militares

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, propôs nesta terça-feira (15) um plano de ajuste fiscal de 43,8 bilhões de euros (cerca de R$ 282 bilhões) para 2026, a fim de reduzir o déficit público e financiar o aumento dos gastos militares.

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Entre as medidas anunciadas estão a redução do número de servidores públicos, o congelamento das aposentadorias em 2026, uma "contribuição solidária" dos mais ricos e a eliminação de dois feriados.

"Essa é a nossa hora da verdade", disse Bayrou, referindo-se aos cofres públicos, que registraram um déficit público de 5,8% do PIB em 2024 e uma dívida pública de quase 114% em março, a maior da UE depois de Grécia e Itália.

"Todos devem participar do esforço diante da magnitude do desafio. É ilusório pensar que uma categoria ou outra pode suportar o fardo sozinha", acrescentou o primeiro-ministro da segunda maior economia da União Europeia.

A tarefa, no entanto, promete ser difícil. O chefe do governo de centro-direita do presidente Emmanuel Macron precisa agora traduzir essas medidas em um projeto de orçamento para 2026, que precisa ser aprovado por um Parlamento onde ele não possui maioria.

A oposição, da esquerda à extrema direita, já ameaçou derrubá-lo caso não se convença com seu orçamento, como fez com seu antecessor, o conservador Michel Barnier, em dezembro.

Para convencer os relutantes, Bayrou apresentou à imprensa uma perspectiva sombria para a França, dado o aumento da "violência" em todo o mundo devido a guerras e tensões comerciais, como as tarifas de Donald Trump.

Nesse contexto, a dívida "é um perigo mortal para um país" e uma "maldição sem saída", opinou. "A cada segundo, a dívida (...) aumenta em 5.000 euros", acrescentou, lamentando que a França tenha "se tornado viciada em gastos públicos".

Seu primeiro objetivo é reduzir o déficit público para 4,6% do PIB em 2026, graças a um ajuste fiscal de 43,8 bilhões de euros, e atingir um déficit de 2,8% até 2029, abaixo do limite estabelecido pelas regras europeias.

Embora inicialmente tenha previsto uma economia de 40 bilhões de euros (R$ 258 bilhões), Macron instou o governo no domingo a aumentar os gastos militares para um total de 6,7 bilhões de euros (R$ 43,2 bilhões) em 2026, com o objetivo de atingir 64 bilhões de euros (R$ 413 bilhões) em 2027.

"Desde 1945, a liberdade não esteve tão ameaçada", acrescentou o presidente, ressaltando a "ameaça duradoura" que, em sua opinião, a Rússia representa para a Europa desde a invasão da Ucrânia em 2022.

- Ameaças de censura -

As reações iniciais indicam um processo parlamentar complexo, a partir de outubro, para a adoção dessas medidas, especialmente a eliminação de dois feriados: a Segunda-feira de Páscoa e o dia 8 de maio, que comemora a vitória sobre a Alemanha nazista.

"Se François Bayrou não retificar suas medidas, nós o censuraremos", reagiu a líder de extrema direita Marine Le Pen, cujo partido considerou a eliminação dos dois feriados uma "provocação".

O líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon também pediu a derrubada do governo, argumentando que suas propostas visam "destruir o Estado e os serviços públicos para dar lugar ao mercado" e "preservar os muito ricos".

O primeiro-ministro também propôs o fechamento de "órgãos [públicos] improdutivos", o corte de gastos sociais em mais de 5 bilhões de euros, com reembolsos menores para medicamentos, e o congelamento de benefícios sociais, entre outras medidas.

L.Carrizo--GBA