Gazeta Buenos Aires - Cannes entrega Palma de Ouro em festival de forte tom político

Cannes entrega Palma de Ouro em festival de forte tom político
Cannes entrega Palma de Ouro em festival de forte tom político / foto: Miguel MEDINA - AFP

Cannes entrega Palma de Ouro em festival de forte tom político

O Festival de Cannes entrega neste sábado (24) a Palma de Ouro, após a exibição de 22 filmes na mostra competitiva, com protagonismo das mulheres e da política, com críticas abertas a vários governos.

Tamanho do texto:

O júri, presidido pela atriz francesa Juliette Binoche, anunciará os vencedores em uma cerimônia que começará às 18h40 locais (13h40 de Brasília).

O último dia do festival foi perturbado por um apagão no sudeste da França, mas a cerimônia acontecerá "em condições normais", informou a organização.

O apagão deixou a cidade de Cannes e suas imediações sem energia elétrica, segundo as autoridades locais, mas o festival tem um gerador para evitar incidentes.

Um dos favoritos à Palma de Ouro, segundo os críticos, é "Sentimental Value", do diretor norueguês Joachim Trier, que provavelmente recebeu a maior salva de aplausos dos 22 filmes em competição.

O filme narra o relacionamento complicado entre um diretor de cinema no fim da vida (Stellan Skarsgard), que deseja retomar o relacionamento com as suas duas filhas, especialmente com a mais velha, Nora, interpretada magistralmente por Renate Reinsve, a quem propõe um papel em seu próximo filme.

Outro destaque da mostra é "Sound of falling", da jovem diretora alemã Mascha Schilinski.

No último dia de competição, sexta-feira, "Jeunes mères", a história de cinco adolescentes mães ou grávidas, emocionou os críticos. Os irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne podem entrar para a história e conquistar sua terceira Palma de Ouro (após "Rosetta" em 1999 e "A Criança" em 2005) com o longa-metragem de estilo sóbrio, quase documental.

- Brasil -

O brasileiro "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho, também foi muito elogiado.

O longa-metragem brilha por seu roteiro e encenação perfeita, que reproduz o Brasil turbulento do período da ditadura militar. Wagner Moura interpreta um professor que decide voltar a Recife em 1977 para tentar recuperar seu filho, sem saber que colocaram um preço em sua cabeça.

O júri tem outros filmes de tom político para escolher, além de forte simbolismo.

Dois iranianos se destacam: Jafar Panahi, diretor multipremiado, mas que há 15 anos não conseguia comparecer a um festival internacional.

Preso em duas ocasiões, torturado e perseguido pelo regime dos aiatolás, Panahi narra em "Um simples acidente" a terrível escolha enfrentada por um homem que acredita ter reconhecido seu torturador.

Panahi conseguiu comparecer a Cannes. Filmado clandestinamente, seu filme é um ataque frontal contra o governo.

Seu compatriota Saeed Roustaee apresenta em "Woman and child" outra forte personagem feminina (Parinaz Izadyar), na pele de uma viúva que não consegue controlar seu filho rebelde.

A.P.Moreno--GBA