Vítimas da 'guerra' às gangues pedem fim do regime de exceção em El Salvador
Familiares de salvadorenhos presos que clamam sua inocência pediram, nesta terça-feira (11), à Corte Suprema que declare "inconstitucional" o regime de exceção que o presidente Nayib Bukele utiliza para sua "guerra" contra as gangues e que permite prisões sem ordem judicial.
Desde março de 2022, Bukele utiliza o regime de exceção. Mais de 89 mil pessoas foram detidas e cerca de 8 mil foram libertadas por serem inocentes, segundo fontes oficiais.
Todos os meses, a Assembleia Legislativa, controlada pelo presidente, prorroga a medida, criticada por organizações de direitos humanos, pois coloca atrás das grades pessoas sem relação com as gangues.
O regime de exceção "afeta a todos os salvadorenhos" porque "capturam qualquer pessoa sem o devido processo, sem investigação e, sem que tenha cometido um crime, colocam na prisão", disse aos jornalistas o líder do Movimento de Vítimas do Regime (Movir), Samuel Ramírez.
Dezenas de familiares firmaram o abaixo-assinado que foi entregue na Corte no encerramento de uma marcha que percorreu várias ruas de San Salvador aos gritos de: "Defendemos inocentes, não delinquentes!"
"Vamos ver quem se cansa primeiro, se o Estado, se o governo, ou as vítimas que já não suportam estar nesta situação de aflição", acrescentou Ramírez, ao anunciar uma batalha judicial para que a medida de exceção seja declarada "inconstitucional".
Sandra Vásquez, uma dona de casa de 55 anos, levou um cartaz com a foto do filho Nahun Rivera, taxista de 22 anos recluso desde fevereiro de 2023 na penitenciária La Esperanza, na periferia norte de San Salvador.
O que "peço é a liberdade de meu filho porque ele não deveria estar preso", declarou Vásquez à AFP.
Segundo a organização Socorro Jurídico Humanitario, 454 salvadorenhos morreram nas prisões desde 2022.
Devido à "guerra" contra as gangues, Bukele, que está no poder desde 2019, mantém popularidade alta e foi reeleito em 2024. Após uma reforma constitucional, aprovada em julho, ele pode se reeleger de forma indefinida.
P.Quiroga--GBA