Gazeta Buenos Aires - Justiça britânica dá sinal verde para devolução do arquipélago de Chagos às ilhas Maurício

Justiça britânica dá sinal verde para devolução do arquipélago de Chagos às ilhas Maurício
Justiça britânica dá sinal verde para devolução do arquipélago de Chagos às ilhas Maurício / foto: HENRY NICHOLLS - AFP

Justiça britânica dá sinal verde para devolução do arquipélago de Chagos às ilhas Maurício

O Tribunal Superior de Londres rejeitou, nesta quinta-feira (22), um recurso de última hora contra a devolução britânica do arquipélago de Chagos à República de Maurício, abrindo caminho para a entrega dessas ilhas do oceano Índico.

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A assinatura do acordo de restituição estava inicialmente marcada para a manhã desta quinta-feira, mas a Justiça britânica, após receber um recurso de última hora de duas pessoas de Chagos, emitiu uma ordem judicial bloqueando-a temporariamente.

Depois de interromper a eventual cerimônia virtual na madrugada de quarta para quinta-feira, o Tribunal Superior de Londres convocou uma audiência para a manhã desta quinta na capital britânica.

Após a audiência desta quinta-feira, a ordem judicial que bloqueava temporariamente o acordo foi "revogada", anunciou o juiz Martin Chamberlain, rejeitando o recurso das duas demandantes, Bernadette Dugasse e Bertrice Pompe.

"Não deve haver mais medidas provisórias" contra este acordo, disse o juiz, acrescentando que o interesse público e o do Reino Unido seriam "prejudicados" se a suspensão fosse estendida.

Na audiência desta quinta-feira, o advogado das demandantes, Philip Rule, declarou que suas clientes souberam das notícias pela imprensa na noite de quarta-feira. Nesse contexto, decidiram recorrer à Justiça.

- Base militar com EUA -

Após anos de negociações, Londres concordou, em outubro, em reconhecer a soberania de Maurício sobre o arquipélago de Chagos, com a condição de que o Reino Unido mantivesse sua base militar conjunta com os Estados Unidos na ilha de Diego García.

No entanto, a finalização do acordo foi adiada pela chegada de Donald Trump à Casa Branca em novembro, assim como pela mudança de primeiro-ministro nas ilhas Maurício.

O governo Trump criticou repetidamente este acordo, argumentando que ele favorecia a China, uma aliada de Maurício.

Porém, no início de abril, o presidente americano anunciou sua aprovação do acordo.

Starmer observou que as resoluções legais internacionais questionavam a propriedade britânica de Chagos e que somente um acordo com Maurício poderia garantir a operação contínua da base.

O texto, cujos termos exatos não foram revelados, foi criticado pelo Partido Conservador britânico, que o considera contrário aos "interesses do país".

Segundo o rascunho do acordo, o Reino Unido manteria um arrendamento de 99 anos sobre Diego García, com opção de prorrogar esse período.

Londres manteve o controle das ilhas Chagos quando Maurício conquistou a independência do Reino Unido em 1968.

Cerca de 2.000 habitantes do arquipélago foram expulsos nos anos seguintes, especialmente de Diego García, onde fica a base militar.

Esta base foi usada como centro de operações para navios e bombardeiros de longo alcance durante as guerras no Afeganistão e no Iraque.

Em 2019, a Corte Internacional de Justiça recomendou que Londres devolvesse o arquipélago às ilhas Maurício, após décadas de batalhas judiciais.

H.Vega--GBA